UNIVERSIDADE VAZIA, corredores fantasmas e salas de aula trancadas e escuras. Essa é a cara da UFPA nos últimos três dias. A multidão da vida universitária, contudo, desde a terça-feira está barrada graças a um evento que, como diriam na época áurea do Albergue, tomou proporções bombásticas.
Imagine uma cidade em que os ônibus pararam. Isso, uma greve de ônibus, e que está entrando no terceiro dia. Segundo os jornais, mais de um milhão de pessoas estão sendo prejudicadas. Andando com uma pretensa frota reduzida (que ainda não vi nas ruas), as pessoas levam até duas horas a mais para chegar ao trabalho, se chegarem.
As aulas estão, praticamente, suspensas. Ainda que a Universidade não declare oficialmente isso, desde terça só encontrei um dos meus alunos, e ele mora aqui perto... que se pode fazer? Aguardar, aguardar.
Nos jornais, as entrevistas são unânimes em afirmar que quem sofre com isso é a população mais pobre. Dependentes dos coletivos para chegar ao trabalho, as pessoas sofrem com vans e kombis lotadas e inflacionadas, que aproveitam-se do casos gerado pela falta de ônibus para ganhar em cima das pessoas.
Acho que a única greve que causa mais tanstornos que uma greve de ônibus é a greve de policiais. Uma greve de professores universitários, por exemplo, afeta apenas os alunos. Uma greve da saúde afeta quem precisa de postos de saúde público. Então, apesar de causar transtornos, seus efeitos não são visíveis a todos. Mas não importa quem seja, é afetado pela greve de ônibus: desde as pessoas que não têm como chegar ao trabalho, até a pessoa que precisava de uma dessas pessoas para conseguir um serviço. E as lojas fecham, correios páram, restaurantes não abrem.
O cruel de uma greve é que é exatamente isso que o grevista quer. O impacto e o transtorno são as armas da negociação. Ele aponta o dedo e mostra: nós somos necessários.
Ao mesmo tempo, do outro lado, faltam recursos para aceitar os termos do grevista. Não posso pagar seu aumento e melhorar a frota de ônibus, porque não há dinheiro em caixa pra isso - ou até há, mas se eu ceder pra você, precisarei ceder a todos os pedidos de todas as categorias, e isso não tenho como bancar... (uma nota necessária: não há recursos para isso, para o aumento das bolsas ou recuperação de hospitais e escolas do Estado; mas há recursos para o aumento da verba de gabinete e do paletó dos políticos... e somos chamados a questionar: MAIS HEIN?)
E nessa corda-bamba, que tem que ser resolvida, as coisas vão andando cada vez mais lentas, e mais de um milhão de pessoas sofre com uma greve de ônibus em Belém.
INTÉ,
A. N.
P.s: Odeio os motoristas de ônibus de Belém. Parecendo que dirigem um caminhão de lixo, eles causam um caos no trânsito que não canso de me estressar e impressionar com as barbeiragens que eles fazem. Mas isso é para outro momento...
Imagine uma cidade em que os ônibus pararam. Isso, uma greve de ônibus, e que está entrando no terceiro dia. Segundo os jornais, mais de um milhão de pessoas estão sendo prejudicadas. Andando com uma pretensa frota reduzida (que ainda não vi nas ruas), as pessoas levam até duas horas a mais para chegar ao trabalho, se chegarem.
As aulas estão, praticamente, suspensas. Ainda que a Universidade não declare oficialmente isso, desde terça só encontrei um dos meus alunos, e ele mora aqui perto... que se pode fazer? Aguardar, aguardar.
Nos jornais, as entrevistas são unânimes em afirmar que quem sofre com isso é a população mais pobre. Dependentes dos coletivos para chegar ao trabalho, as pessoas sofrem com vans e kombis lotadas e inflacionadas, que aproveitam-se do casos gerado pela falta de ônibus para ganhar em cima das pessoas.
Acho que a única greve que causa mais tanstornos que uma greve de ônibus é a greve de policiais. Uma greve de professores universitários, por exemplo, afeta apenas os alunos. Uma greve da saúde afeta quem precisa de postos de saúde público. Então, apesar de causar transtornos, seus efeitos não são visíveis a todos. Mas não importa quem seja, é afetado pela greve de ônibus: desde as pessoas que não têm como chegar ao trabalho, até a pessoa que precisava de uma dessas pessoas para conseguir um serviço. E as lojas fecham, correios páram, restaurantes não abrem.
O cruel de uma greve é que é exatamente isso que o grevista quer. O impacto e o transtorno são as armas da negociação. Ele aponta o dedo e mostra: nós somos necessários.
Ao mesmo tempo, do outro lado, faltam recursos para aceitar os termos do grevista. Não posso pagar seu aumento e melhorar a frota de ônibus, porque não há dinheiro em caixa pra isso - ou até há, mas se eu ceder pra você, precisarei ceder a todos os pedidos de todas as categorias, e isso não tenho como bancar... (uma nota necessária: não há recursos para isso, para o aumento das bolsas ou recuperação de hospitais e escolas do Estado; mas há recursos para o aumento da verba de gabinete e do paletó dos políticos... e somos chamados a questionar: MAIS HEIN?)
E nessa corda-bamba, que tem que ser resolvida, as coisas vão andando cada vez mais lentas, e mais de um milhão de pessoas sofre com uma greve de ônibus em Belém.
INTÉ,
A. N.
P.s: Odeio os motoristas de ônibus de Belém. Parecendo que dirigem um caminhão de lixo, eles causam um caos no trânsito que não canso de me estressar e impressionar com as barbeiragens que eles fazem. Mas isso é para outro momento...
Nenhum comentário:
Postar um comentário