sábado, 27 de dezembro de 2008

Um bonito texto...

UMA DAS COISAS LEGAIS DA TECNOLOGIA É JOGAR UM CD QUE VOCÊ NUNCA OUVIU TODO EM UM MP3 E COLOCAR PRA RODAR. Às vezes, saem umas músicas que você simplesmente não conhecia, ou melhor ainda, não esperava.

Essa música é uma delas... ainda que seja mais falada que cantada.

Inté,

A. N.


Vênus

Paulinho Moska

Composição: Paulinho Moska

Quando a sua voz me falou: vamos
Eu vi deus sentado em seu trono: vênus
A religião que nós dois inventamos
Merece um definitivo talvez... pelo menos

Perceba que o que me configura
É sempre essa beleza
Que jorra do seu jeito de olhar
Do seu jeito de dar amor
Me dar amor

Não te dei nada que seja impuro
No futuro também vai ser assim
Se hoje amanheceu um dia escuro
Foi porque capturei o sol pra mim

Perceba que o que te configura
É sempre essa beleza
Que jorra do meu jeito de olhar
Do meu jeito de dar amor
Te dar amor

Perceba que o que nos configura
É sempre essa beleza
Que jorra do nosso jeito de olhar
Nosso jeito de dar amor
Nos dar amor

Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? o amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha. como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Espírito do Natal? Sei...

O NATAL TEM SEMPRE AQUELE AR DE SOLIDARIEDADE, de coisas boas. Na televisão, só passam programas natalinos, liquidações de Natal que cortam 30% do preço depois de aumentarem 50%, e, óbvio, o especial do Roberto Carlos (alguns anos atrás, acrescentaríamos E.T. à lista). Nessa época, passamos o tempo falando sobre como as pessoas se tornam melhores, bondosas, invadidas pelo espírito natalino e o milagre do Natal.

Bom, sobre esse espírito natalino, deixe eu contar uma coisa pra vocês:

É mentira.

Sério, se você duvida de mim, deixe-se invadir por esse espírito natalino e amanhã de manhã, dia 24, vá a um shopping center (que só deve ficar aberto até as 12 horas, então cuidado), e compre um brinquedo para uma criança de rua; um brinquedo qualquer, nem precisa ser caro. Ela achará fantástico.

Hmm... "Gostei da idéia, mas tem que ser em um shopping?" É, certamente você pegou meu ponto. Nem precisa ser um shopping fechado, estilo Iguatemi. Basta um centro qualquer de compras: centro da cidade, open malls. A Brás de Aguiar em Belém, ou a Monsenhor Tabosa em Fortaleza (ou a 25 de março em São Paulo!). Vai lá e sinto todo o espírito natalino no ar...

Talvez esteja já pensando que acharia muito espírito natalino no ar se você conseguisse RESPIRÁ-LO. Sabe aquela história que o capeta azeda tudo que Deus criou? Pois é, foi idéia do Capeta dar presente de Natal, que depois ele aperfeiçoou criando o "desconto".

Começa tudo com o trânsito. Hoje, achei uma vaga em um estacionamento caro e deixei o carro lá. Simples: prefiro andar um raio de 10 quarteirões procurando as lojas que ir de carro. É, eu canso mais, e até corro o risco de ser assaltado, mas acredite: é muito mais rápido! Filas de dois carros se transformam em quatro, sinais e semáforos param de funcionar (eles continuam acesos, mas verde passa a significar FIQUE PARADO e vermelho significa AGUENTE AS BUZINAS POR ESTAR FECHANDO O CRUZAMENTO. Os espaços para estacionamento minguando cada vez mais, vemos as pessoas baixando o banco e aumentando o ar condicionado, porque sabem que vão ficar ali um bocado de tempo...

Onde os pacotes são feitos são uma graça. Passei em uma sapataria hoje, e tive uma séria impressão que os consumistas devem ficar presos naquela loja, se terminarem indo pro Inferno. Aquela pilha de caixas, velhas gritando pedindo para colocar a caixa preta com o papel de presente azul e a verde com papel branco pra menina... ou era o contrário? Ou errei a cor da caixa? Ah, tudo bem, depois eles vão vir trocar mesmo. E pagar a diferença, provavelmente, mas deixe pra lá!

As lojas de brinquedo também são um caso a parte para se olhar. Sentei na frente de uma sexta passada enquanto tomava um sundae do McDonald's (nota: consegui meu sorvete no terceiro quiosque que parei, porque em um tinha acabado o sorvete de baunilha, no outro a calda de chocolate... por que raios não podia ter acabado a castanha, que não me faz falta?!?). As mães e pais procuram aquele brinquedo que já acabou, ou se degladeiam (seja lá como se escreve isso) pelos que sobram. Nada mais ridículo que duas mães brigando pra ver quem leva a última unidade "de um desses transformer", que ela não entende porque o filho quer se não é "bonito"... (Quando uma mãe recusou dar para a criança um desses, reparei que custava mais ou menos centro e cinquenta reais... seria bonito sinônimo de barato na última reforma da língua portuguesa?)

Sei que pareço rabugento e cínico ao escrever isso, mas você deve perceber que acho uma das maiores demonstrações de senso de humor que posso dar. Porque, depois de uma tarde nessa bagunça, eu não matei ninguém. Sério! Nem o cara do meu cachorro-quente-de-carrocinha preferido (sempre preterido na Veja Fortaleza, veja que injustiça) quando disse que acabou o pão...

Talvez, afinal de contas, o tal do espírito do Natal permita as pessoas ficarem em situações extremas e ainda sair vivas e sem acusações de homicídio. E sim, ir ao Shopping no dia 23 É uma situação extrema... E ainda penso que pessoas que matarem quem está tentando roubar o último brinquedo que seu filho de 7 anos pediu ao Papai Noel deveriam ser consideradas inimputáveis.

Inté,

A.N.