quinta-feira, 7 de outubro de 2010

De volta...



Making your way in the world today
Takes everything you've got;
Taking a break from all your worries
Sure would help a lot.
Wouldn't you like to get away?

All those night when you've got no lights,
The check is in the mail;
And your little angel
Hung the cat up by it's tail;
And your third fiance didn't show;

Sometimes you want to go
Where everybody knows your name,
And they're always glad you came;
You want to be where you can see,
Our troubles are all the same;
You want to be where everybody knows your name.

Roll out of bed, Mr. Coffee's dead;
The morning's looking bright;
And your shrink ran off to Europe,
And didn't even write;
And your husband wants to be a girl;

Be glad there's one place in the world
Where everybody knows your name,
And they're always glad you came;
You want to go where people know,
People are all the same;
You want to go where everybody knows your name.

Where everybody knows your name,
And they're always glad you came;
Where everybody knows your name,
And they're always glad you came;

(fade out)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Melhores Momentos de Um Sonho

 

Uma praia em Miami Beach,

Um fim de tarde com uma conversa animada e vinho em Orlando,

Pôr do Sol no Grand Canyon,

Um Show em Las Vegas,

Ver o Pacífico do Pier de Santa Mônica,

Tomar banho nas Cataratas do Niágara,

Ver a cidade inteira do alto do Empire State em Nova York,

Dormir e acordar todos os dias do teu lado…

 

Uma viagem dos sonhos,

E a primeira de muitas.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um Presente…

UNS DIAS ATRÁS, a Tássia veio falar comigo pra que eu gravasse um vídeo pra fazer parte de um presente pro MC. Obviamente, eu que não sei falar muito de improviso, escrevi o que ia dizer…

No fim, acabei mudando um pouco porque (pra variar) ficou muito cumprido, e eu tive que “encurtar” o texto…

Agora que o dia da surpresa já passou, posso reproduzir o texto inteiro, como eu tinha pensado. (Mentira… já que agora estou escrevendo, posso até mexer nele e deixar ele um tantim mais longo! rs)

Inté!

Oi irmão,

Naqueles dias mais doidos, mais aperreados mesmo, sempre acabo pensando numa mesma coisa. Lembro de uma tarde, lá no nosso quarto, estávamos você, o Leandro e eu. Do nada, eu me toquei de como a gente estava: eu deitado na cama lendo, o Leandro jogando bola (no meio do quarto, pra variar), e você sentado numa cadeira tocando violão. Eu lembro de ter rido e dito que a gente precisava de uma foto daquele momento... só faltava a Flávia ali implicando com um de nós, e teríamos cada um de nós fazendo algo que era mais a sua cara. A gente não bateu foto nenhuma, mas sempre que estou ansioso, preocupado e com a cabeça cheia, eu lembro daquele dia.

Tem uma história que gosto muito, do Neil Gaiman, onde o Delírio conversa com o Sonho. Lá, o Delírio pergunta qual é aquela palavra que serve pra dizer que o tempo tá passando. O Sonho responde: Mudança. E são muitas mudanças que ocorreram, desde a tarde que eu estava vendo tv no quarto da mamãe (naquela cama que depois foi bater no sítio, com uma cabeça vermelho escuro, parecendo meio de almofada…), quando ela veio me contar que eu ia ter um irmaozinho, e no dia que a gente entrou em casa, vindo da casa da inhamamãe onde tinhamos ficado enquanto a casa era reformada, e ela tava na sala (naquele sofá em L que dividia a sala de jantar da sala de estar) com você no colo. Desde ali, passamos por várias épocas, algumas mais complicadas, outras mais tranquilas, mas sempre com várias coisas mudando. Algumas dessas mudanças são mais bobas, como você mudando até os cabelos (deixando de ser lourinho até quase não ter cabelo hoje, passando até pelo “topo acaju”!), mudando desde que gente era pequeninho, que o papai e a mamãe brigavam pq eu não queria brincar com você por você ser muito novo, até hoje que é muito difícil estar longe. Mudanças como o fato de que por tanto tempo divididimos o quarto (dividindo pela cor, azul meu e verde teu), a gente passou primeiro a morar em casas diferentes, depois cidades diferentes, e agora, mesmo que por pouco tempo, países diferentes. De um baixinho danado e às vezes enjoado, meio chorão, você virou um dos caras mais fantásticos que se pode conhecer, um profissional de primeira linha, e um amigo que a mera presença já parece ser suficiente; alguém que, em qualquer coisa que se meta a fazer, me dá motivos pra abrir um sorriso e dizer com orgulho “esse é meu irmão”.

Entre tantas mudanças, uma coisa não mudou, mesmo o tempo passando: sempre que penso em momentos de felicidade, os momentos que vêm são aqueles como os que eu comecei falando, de nós no quarto simplesmente fazendo o que gosta; são  imagens que você tá perto, de algum jeito. Seja a gente conversando bobagens de um jogo de videogame, seja a gente discutindo filosofia e psicologia por horas, seja só os dois perto sem precisar falar nada, sempre que penso em momentos em que estamos juntos. E isso, tenho certeza, não tem tempo que mude.

Parabéns, Cezinha. Feliz aniversário, e seja onde nós estivermos (Fortaleza, Belém, Juazeiro, Texas, e onde mais a vida puxar a gente), sempre lembre o quanto sinto sua falta, e o quanto te amo.

Beijim, Baixim!

“Dos meus irmãos eu sinto saudade

eu tenho medo que eles achem que eu não sinto a falta deles

como eu acho que eles sentem de mim”

(Nando Reis, Me diga) – sim, meio modificado… mas tá valendo!

A.N.

sábado, 12 de junho de 2010

Medo de Montanha Russa

PRA FALAR A VERDADE, pensei nesse post meses atrás, em fevereiro ainda. Acabei demorando por acreditar que, de vez em quando, uma imagem vale mais que mil palavras. Assim, acabei começando a esperar aquela imagem que ia dizer tudo…

Pra explicar melhor, vou voltar quase quinze anos atrás. A primeira vez que vim pros Estados Unidos foi na boa e velha viagem de quinze anos pra Disney. Primeiro dia, primeira coisa que fizemos: Bush Gardens, uma tal montanha russa chamada Montu (conheça na Wikipedia ou busque fotos no Google!). Pra quem era acostumado – e nem tanto – com a montanha-russa do ITA Park, aquele negócio que você ia de pé pendurado, dava loopings e parafusos e passava por túneis, era demais. Amarelei. O primeiro brinquedo nos EUA, e eu desisti. De verdade, aquilo ali virou um arrependimento grande meu… Fui em outras montanhas russas depois, mas ainda assim, ficava aquele pedaço faltando. De verdade, qualquer uma ainda me metia medo, qualquer uma ainda me deixava ansioso.

Quatorze anos depois, estou morando nos EUA, e minha família vem me visitar. Primeiro dia foi logo o Universal Studios de Orlando, com a montanha russa do Hulk (que tem uma arrancada a 100 por hora – espetacular!) e os Dueling Dragons, que agora fazem parte do parque do Harry Potter. Fui nas três (os dragões são dois, na verdade), mas ainda me tremia olhando pra elas. A Mari queria ir, e eu respirava fundo e pensava “não posso fazer a mesma coisa de novo, né? tem que arrumar coragem.” e olhava pra ela pulando e com seu sorriso, me pedia: “amor, a gente vai, né?”. Claro, amor. No Universal, tinha uma gigante que não tive coragem de ir naquele dia:Rock It, que começa com uma subida na vertical. A Mari disse que queria ir… ai meu deus. Tá, vamos, mas pode não ser hoje? Íamos voltar lá. Tá, não precisa ser hoje. Mas eu não tinha escapado ainda. Mas com você eu vou.

Na programação original da viagem, não estava o Busch Gardens, por ser mais longe, fora de Orlando. Mari e eu resolvemos: damos nosso jeito, e vamos bater lá. Dia seguinte, pedimos pra sermos deixados no Sea World, e de lá arrumamos transporte pra Tampa. E fomos, e foi um dos melhores dias da viagem…

Assim que chegamos lá, fomos direto pra tal da Montu. Foi uma realização, mas algo ainda não estava bem certo… não posso mentir: ir em nenhuma dessas quatro montanhas-russas resolveu meu medo constante desse tipo de brinquedo. Aí, de longe, vimos a montanha russa que mais me meteu medo na minha vida. Ela tinha uma queda praticamente na vertical (parecia, daquela distância. Lá de cima, vemos que ela faz um negativo pra dentro). O nome dela era Sheikra. A Mari inventou de querer ir. Doida, suicida. Vou, com você eu vou. Mas que é isso que estou me metendo…

Antes de ir, batemos essa foto. Eu queria ter gravado “Mãe, te amo” antes de ir, mas sabe como é, não queria parecer tão apavorado quanto eu realmente estava (antes que perguntem, não, não deu pra esconder. A Mari começou brincando, mas depois na fila ficou me acalmando). Olha aí a foto da brincadeira atrás da Mari…

2010-02-16 022 Busch Gargens

Tá vendo o carrinho ali antes da descida? Pois é, na hora pareceu até que o carrinho queria bater a foto. Ao chegar no ponto de descer, ele congela, te deixa pendurado. Filho duma…

Fomos. Nessa montanha-russa, vc não tem fila especial pra ir na frente. Vai na que tiver. Em qual caímos? Na frente, claro. Nessas horas, as pessoas dizem que o coração parece um pandeiro. O meu não. Estava calmo. Conformado com a hora da morte. Sento, e seguro a mão dela. Com você eu vou. Morrendo de medo, mas eu vou.

Dêem uma olhada no videozinho aí embaixo… dei uma editada, coloquei umas fotos… o original vc acha aqui.

Devo dizer que meu coração ainda acelera ao olhar esse passeio. Mas uma coisa é certa: Eu sobrevivi. O negócio mais horrendo que eu podia ver, e eu sobrevivi. E mais: gostei. Adorei. Saí maravilhado. Sim, gritei horrores (não na primeira descida, fiquei congelado – mas no looping eu já tava gritando!). Mas mais que isso, percebi que eu poderia gostar de algo que me amedrontasse.

Dias depois, fui em uma montanha-russa totalmente doida, chamada Manta. Após vc se sentar, ela fica na horizontal, te deixando deitado. Você passeia como se tivesse voando. Compare as duas fotos, e veja a diferença de eu em uma e outra… Posso dizer, não tenho mais medo de montanha russa.

2010-02-20 Sea World

Na verdade, acho que muito do meu medo de montanha-russa vem desde criança, quando fui em um brinquedo que virava de cabeça pra baixo – o primeiro que fui na vida – e vomitei tudo… o cara que foi comigo ficou pulando e rindo apontando pra mim, tudo que tem direito. Sempre, diante daquelas coisas que te viram do avesso e te forçam a fazer coisas que você nunca imaginou, eu sempre achei que ia acabar me fazendo de bobo de novo.

Hoje, não sei se posso dizer que ainda tenho isso. Meu primeiro movimento é dizer que não. Não tem problema alguma coisa me tirar o chão, me jogar de um lado pro outro, me arremessar pra cima, virar de cabeça pra baixou ou deixar pendurado. Eu olho pro lado e penso: com ela eu vou.

Com ela, descobri que posso gostar das coisas mais loucas, que me meteriam medo. Não preciso mais ficar no chão seguro: tenho coragem – e vontade! – de me jogar, de arriscar. Posso ou não me fazer de bobo. Posso parecer apavorado na fila, posso até vomitar tudo no final. Mas eu tento.

Aprendi que tenho coragem – e vontade – de viver. Em especial quando a tenho do meu lado. Em especial quando posso ver seu sorriso e, com ela, dizer: Vou. Com você, eu vou.

Nenhum presente poderia ser maior que esse. Espero te ter sempre ao meu lado, às vezes (na maoria das vezes, provavelmente), me puxando pra embarcar em aventuras, as mais loucas possíveis. Espero, às vezes, te puxar também.

Feliz dia dos namorados, meu amor. E, aos outros que estiverem lendo isso, só posso desejar que vocês encontrem alguém que também possa levar vocês aos seus limites, e além. Que sejam capazes até de fazer com que vocês percam o seu medo de montanha russa.

Sou um homem feliz por ter alguém assim.

Inté,

Aécio

12/junho/2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Saudade (A post in English)

Quando cheguei em Denton, fiquei no apartamento do departamento de Análise do Comportamento (sim, eles tem um apartamento… e a gente brigando por cartucho de impressora!). Lá tinha um diário que pedia para escrever sobre minha estadia lá. Eventualmente escrevi, e não deve ser surpresa o fato de qual o tema que escolhi pra escrever…

Como a idéia é explicar a alguém que não fale em português o que significa “saudade”, com todas as implicações que ela traz, pra além de um simples “sinto sua falta”. Vou deixar em inglês aqui tb…

inté,

[When I first arrived in Denton, I spent some time in the Behavior Analysis Department Apartment (internal joke). There, there was a journal that asked to write about the time spent there. Eventually I wrote, and it shouldn’t be any surprise the theme I chose to write…

As the whole point of is to explain what the word “Saudade” to someone who does not speak portuguese, with all the implications of the word (that can’t be explained just as “I miss you”), I’ll leave the post in english here too…

C ya,]

------

Saudade

I was asked to write something about the time I’ve been in this apartment. It was a new idea, and I would be the first to write down something. I am a little bit scared with being the first to write here, but that should not keep me from trying… I’m telling this just to make sure you, that is reading this know that (1) I am not sure this is the way to go; and (2), that I am sorry if it’s a little bit difficult to understand what I wrote here, as my handwriting is not so clear and English is not my first language.

I have spent two weeks in this apartment. I arrived January 11th, knowing here only the one that would be my advisor. As I’m writing this, I’ll be leaving tomorrow for the apartment I’ll be living here in Denton for this year of 2010. (Actually, the original text was written on that day… I’m actually in the new home for some time, just taken some time to write everything down and revise it).

It’s difficult to talk about the time I’ve spend here, because the most powerful and strong emotion I’m feeling is difficult to describe. There’s no actual word in English that quite grasp its meaning (actually, there’s no word in almost no other language but Portuguese). Maybe you that are reading this journal may be feeling that too, even if do not have the word to describe it. We call it “Saudade”.

“Saudade” is similar to miss something. But when you miss something, It seems it’s just that you would like that thing (person, place, whatever) was near. Saudade is something more.

When a Portuguese speaking person talks about saudade, it’s referring to the fact that you feel not only the longing or desire to be close again; it also expresses that there is something missing in yourself, a nostalgic incompleteness that will not go away. Someone described saudade as “the love that stays”. I think it is a good definition.

Saudade describes a feeling that rises when you think about people, places or those moments that are not near for some reason - and, maybe, can’t be near at all. You feel saudade from places you are fond but can’t be there. You feel saudade from the childhood, from the childhood of dear people. You feel saudade from people that are gone, and feel saudade from times that went and will never come back. Most of all, you feel saudade of people. Your relatives, your parents, your children, your love: Those that, in this moment, are not close to you. And this very moment you lost with them will never come back. You feel saudade of thing that could have been, and because of choices or contingencies of life, will never be again.

I read a poem that may be the best description of saudade I ever read. I can’t say who the author is in reality, but as tried to find out, most websites accredited to the Chilean poet Pablo Neruda. (as i did not find a Pablo´s Neruda Website with this poem, thought, I am not sure it is his). In a rough translation, it goes like this:

 

 

Saudade é solidão acompanhada,

[Saudade is accompanied loneliness,]

é quando o amor ainda não foi embora,

[When love is not gone yet,]

mas o amado já...

[But the beloved has…]

 

Saudade é amar um passado que ainda não passou,

[Saudade is to love a past that has not passed yet,]

é recusar um presente que nos machuca,

[Is to refuse a present that hurts us,]

é não ver o futuro que nos convida...

[Is not seeing the future that invite us…]

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

[Saudade is to feel something exists when it is no more…]

 

Saudade é o inferno dos que perderam,

[Saudade is the hell of those who have lost,]

é a dor dos que ficaram para trás, é

[Is the pain of those who were left behind,]

o gosto de morte na boca dos que continuam...

[It’s the taste of death of those who carry on.]

 

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:

[Only one person wants to feel saudade:]

"aquela que nunca amou."

[the one that never loved.]

E esse é o maior dos sofrimentos:

[This is the greatest of all sorrows: ]

não ter por quem sentir saudades,

[Having no one to feel saudade for;]

passar pela vida e não viver.

[To go by life without living.]

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."

[The greatest of all sufferings is never having suffered at all.]

As the poem show, feel saudade is not a bad thing. It’s actually good. It’s marvelous, wonderful. To feel saudade is to be sure you love, and a good chance that you have been loved back. To feel saudade is to feel that you had – or have – something good. To feel saudade is to think that something was and is good in your life. No wonder Brazilians are so “saudosos”.

So, if you’re in this apartment as a guest, and think you’re feeling saudade for someone or something (be a person, be a moment, be just “easier days”), be glad. You are not among those the poet talks about.

Have a good stay in here, and may the days you spend here give you chance to look back here and feel saudade from here too.

Aécio Borba

domingo, 2 de maio de 2010

Vocês Lá São Fãs… (Parte 2: Chegando Lá)

Previously, in Lost this blog, buzz ou onde quer que vc esteja lendo essa história…

Saí de Denton rumo a Phoenix;

A viagem teve direito a figuras estranhas, velhos assustadores, encontro com a imigração, franceses tagarelas, um sanduíche de frango estragado e um dinossauro no McDonald’s. 25 horas depois de sair de Denton, finalmente eu chegava em Phoenix, pronto pra ir pro albergue e descansar…

Ninguém na rodoviária sabia me indicar qual ônibus deveria pegar pra chegar no albergue, e sugeriram falar com um motorista de Táxi. Perguntei ao Taxista… isso é do outro lado da cidade, deve custar uns 50 dólares pra me levar lá, pelo menos.

Onde pego o ônibus? Ali. Qual eu pego? Nem idéia, pergunte ao motorista. Nessas horas, uma coisa massa é o sistema de transporte americano. Quando cheguei na parada, na placa com o sinalzinho do ônibus, tinha o telefone da central. Usei o restinho de bateria do cel pra ver se tinha resposta do albergue, que eu tinha mandado e-mail perguntando como chegar lá. Nada. Aí liguei pro número na parada de ônibus. Falo com uma moça, digo onde estou, e onde quero chegar: Buckeye com 24th, quero ir pra Sequoia Drive. Ok, espere um momento; pegue o ônibus 15, indo pro oeste e que vai passar aí às 11:26, e desça na Dunlap com 19th ave. De lá, pegue o ônibus 90, ás 12:39, indo pra leste até a Cave Creek Rd e desça na Marco Polo. Anotei tudo em papel, e bora embora…

Notas: primeiro, os diabos dos ônibus chegaram todos no horário – e, no dia seguinte, eu vi o motorista parar o ônibus e anunciar pelo microfone que estávamos parados porque ele estava adiantado no horário, e ele tinha que esperar dar a hora pra poder sair. Segundo, a tecnologia é tão massa que eu posso ir agora, mais de um mês depois, no google maps e no sistema de transporte de Phoenix, e rever exatamente o que fiz… Preço total US$ 3,50. Pense na economia!

O itinerário completo…

Rota

Duas horas e meia, um bife teriaki no Jack in a Box e dois ônibus depois, desço no lugar que teoricamente eu deveria ir. Mas sabe aquele detalhezinho que você não anotou? Pra que lado é o albergue mesmo??? Lá vou eu rodar… e nada de achar o lugar, e ninguém sabe onde é o albergue, ninguém conhece a rua… perguntei até a uma mulher dos correios que encontrei por lá. E nada.

Agora deu. Sem cel, sem saber onde ir… Hora de ser cara de pau. Fui até um McDonald’s que vi ali por perto, pedi um café (sim, bizarro, né?), sentei perto duma tomada e botei o cel na parede. Bora carregar. Minutos depois, o cel me mostra o caminho (obrigado, meu bom Google Maps). Agora eu acho…

Ou não. Quando estou subindo o caminho, vejo duas casas em um morrinho: uma que parece um caixote de concreto, e outro casarão bonito, com um sol na frente. Novamente, o GMaps vai me deixar ser enxirido e mostrar exatamente o que eu estava vendo…


Exibir mapa ampliado

Qual você acha que é o albergue, o casarão da esquerda ou o caixote da direita? Confiro o número da casa, é o caixote. Começo a seguir pela entrada, já sonhando com uma cama que, mesmo se fosse dura, ia ser melhor que o ônibus, que nem leito era. Aparece então alguém na varanda da casa bonita. O cara me chama, e eu penso “deve ser ali, né?”

Olá! Está procurando o albergue? Estou sim. Albergue WinWin? Sim, esse mesmo! Ele não existe mais.

Desculpe, como é?

O albergue tinha fechado as portas seis meses atrás, mas ninguém tinha tirado o anúncio da página de albergues (já está fora hoje em dia, diga-se de passagem). O lugar tá totalmente fechado.

Eita diabo, tem coisa que é só comigo mesmo…

E agora? O cara me perguntou se poderia fazer alguma coisa por mim, e eu pergunto se ele pode me indicar um hotel barato pra ir, não tenho grana pra coisa muito cara… Entre aí, vamos olhar no computador.

Ok, nessas horas, entra um detalhe importante da história… você tem que lembrar que cresci ouvindo meus pais (e os pais nos filmes e desenhos animados) mandando eu não falar com estranhos, e que maluco tem em todo canto. Então, lembrando que esses pensamentos irremediavelmente vão entrar na sua cabeça, acompanha a história… Aliás, lembre também, que estou procurando O Albergue. Aos analistas do comportamento: nessas horas, você tem que odiar quadros relacionais e relações de equivalência.

Entro na casa do cara, diga-se de passagem, ainda mais linda por dentro que por fora. Ele fala com a namorada/esposa, dizendo que “mais um perdido que veio pro albergue”. Uma mulher meio desarrumada, aparece. Fico na sala, me perguntando que diabo estou fazendo ali mesmo, na casa alheia.

O cara me pergunta se eu quero algo, agradeço, não obrigado. De onde você é? Brasil. Quando chegou aos EUA? Vão fazer três meses agora no começo do mês. tem família aqui em Phoenix? Não, estou fazendo turismo mesmo… está viajando sozinho? Estou.

Ok, se você parar pra pensar, acabei de dizer que sou uma vítima perfeita. Não tenho família por aqui, estou viajando sozinho, ninguém por perto pra sentir minha falta em alguns dias. O mais perto que todo mundo sabia onde eu andava era que eu estou em Phoenix pra assistir o show do Paul McCartney, indo pra um albergue que, diga-se de passagem, não existe mais. Esse é o típico comportamento que, se vemos em um filme, dizemos: mas também, esse retardado, tá pedindo pra morrer. Pois é, eu devia ser o segundo ou terceiro a morrer se fosse um filme de horror (Não, eu não posso ser o primeiro; não sou uma loura gostosa, que são, essas sim, sempre as primeiras vítimas).

Nota pra posteridade: Se um dia eu estiver viajando e começar a parecer meu primo @rodrigondim tuitando até o suco que ele tá bebendo, não estranhem.

Eles me chamam até um quarto, pra olhar os hotéis no computador. Lá vai eu, entrando na boca do lobo. O computador ainda usa Windows XP, leeeeerdo pra caramba pra ligar… sente-se, e lá vai eu sentando. No escritório, um número enorme de equipamento musical – caixas de som, cabos, uma guitarra no canto. Puxo a cadeira pra o outro lado da porta, ficando assim olhando pros dois.

Quer um vinho?

Não… taí que nem eu sou tão abestado pra tomar uma numa hora dessas! O cara discute com a mulher, porque ela tem dificuldade de achar o hotel que o cara tá sugerindo, o Motel 6 da Bell Road.

Chega alguém na casa, o filho do cara. Pronto, Papai Urso, Mamãe Urso e Bebê Urso. Agora tem nem como correr.

O cara me conta que, de vez em quando, alguém aparecia procurando o albergue. Fazia umas duas semanas que um japonês tinha aparecido, montado numa bicicleta, chegado já umas oito da noite, procurando o albergue. Tinha dormido na garagem dos caras. A gente teve alguma outra notícia dele, amor? Não, depois que ele foi embora, não.

Onomatopéia: Glup.

Achamos o motel, eles ligam, a diária é na verdade só um pouco mais cara que a do albergue (sim, o albergue era caríssimo, mas era o único registrado em Phoenix). Sabe como chego lá? Não se preocupe, a gente te deixa… Não, não, obrigado, vocês já fizeram demais… eu insisto… tem certeza que não quer um vinho?

Ai meu pai.

O meu filho te deixa. Não é? Não tenho que ir pra casa da minha mãe… é um desvio curto. Não, não… Vai sim! Ok. E eu envergonhado como se pode imaginar.

Vamos pra sala. Ficamos conversando, eles me perguntam que vim fazer em Phoenix, conto do show, eles falam de quando assistiram um também… o menino desaparece no quarto, foi tomar um banho. Reparo em cima da mesa, do lado da mulher, um pequeno guardanapo com umas seis pílulas diferente.

Nota de novo: lembrem que eu trabalhei em setor de psiquiatria. Pra mim, naquele momento, aquele monte de remédios incluía antidepressivos e antipsicóticos, comprovando todas as minhas teorias. Casal de psicopatas. Tô lascado.

Enquanto esperamos o filho do cara, que foi convencido por uma nota de 20 dólares, ficamos conversando mais um pouco. Ele conta que o cara, um oriental, desapareceu havia uns 6 meses, provavelmente porque devia muito. Tinha abandonado o carro na garagem e desaparecido (você vê o carro na foto lá em cima, exatamente na mesma posição que eu vi quando estive lá). Já tinham uns dois meses que o cara tinha entrado lá com a polícia, pois eles tinham medo que o foragido tivesse se enforcado lá dentro ou algo assim. O lugar está às moscas, abandonado, sem energia nem água; a porta de trás ficou aberta, de qualquer forma. Quer ir lá dar uma olhada?

Olhei pro rabo de olho pros anti-psicóticos. Uma casa abandonada, onde ninguém aparece, tempos depois de que a polícia já tinha passado por lá, com um cara estranho?

Não, obrigado, eu acredito em você. Tô bem aqui. [As pessoas vendo o filme de horror suspiram aliviados: ele não é tão burro assim!] Acho que devo ir embora, não quero incomodar… Incomoda não, fica aí.

Será que Padim Pade Ciço consegue me proteger por aqui no Arizona? Assim, Caatinga do Cariri, Deserto do Arizona, é até parecido… Não? Droga.

O cara me olha e pergunta: quer ver o que faço pra viver? Pronto, só me falta o cara ser taxidermista. Mas bora lá, já tô ferrado. Quero sim. [E as pessoas assistindo filme batem a mão na testa: esse merece morrer mesmo!]

Ele me leva até a garagem. Quando estou entrando, ele aperta um botão e a porta da garagem começa a fechar…

Em seguida, ele acende a luz. Meu queixo cai na mesma hora. Na garagem, uma mesa imensa, três barcos e duas lindas Harley Davidson.

“Isso é o que faço pra viver”, ele me diz. “Restauro barcos”.

Arrependo-me profundamente de, na minha timidez, não ter pedido pra bater fotos. Ele me mostra seu último trabalho, um barco relativamente pequeno, cor amadeirada, um motor imenso. Ele me diz que deve atingir coisa de 160km/h. Um outro no fundo era meio esverdeado. Ele conta que compra os barcos, restaura e depois vende no ebay [Tentei achar ele agora, mas não consegui encontrar nenhum link].

Ele conta que é de Nova York, e me mostra a Harley que trouxe ele, uns 20 e tantos anos atrás, até Phoenix. Levou algumas semanas pra chegar até ali, e tinha acabado ficando (aliás, a moto ainda brilhava). Depois me mostra o barco pessoal dele, um monstro imenso, daquele modelo que tem como se fossem duas quilhas na parte de baixo que, quando o barco acelera, sustentam todo o peso do barco, erguendo o casco acima da água e aumentando a aerodinâmica. Quão rápido isso aqui corre? Coisa de 160 milhas por hora. Isso são mais de 250Km/h. Ele fala todo animado de barcos e motos, até o filho dele aparecer pra me levar. Pegamos a caminhonete do cara, que faz faculdade em Flagstaff, alguns quilômetros de distância, dali, nas montanhas. Ele me deixa no Motel 6 da Bell, aquele modelo clássico de filme americano, com direito a piscina encardida no meio e afins.


Exibir mapa ampliado

Após um check in, finalmente estou em algum lugar onde posso ficar quieto. Isso já deviam ser coisa de quatro ou cinco da tarde, mais de 36 horas desde a última vez que eu tinha dormido direito, tomado um banho e trocado de roupa. Pude enfim ligar o cel na tomada e conseguir carga suficiente pra ligar pra Mari e avisar... “Amor, tô em um motel!” Pude finalmente ficar em paz com o maldito sanduíche de frango, que felizmente, não tinha provocado nenhum problema até aquele momento…

No fim das contas, essa história me lembra muito a Crônica da Loucura, do Veríssimo. O casal eram só dois ripongas gente boa, que já deviam ter visto muita gente se estrepando porque o cara mantinha, mesmo foragido, o albergue nos sites de turismo, ganhando uns 5 ou dez dólares de uma pessoa e outra. É uma pena, que na minha nóia e depois na minha timidez, eu não tenha batido foto com eles e aprendido direito seus nomes, pra ilustrar e contar essa história. De vez em quando a gente realmente tranquila no mundo, que prefere dar uma mão a figuras que, como eles, saíram de casa pra fazer uma maluquice. Eles acabaram encontrando um lugar novo pra viver. Eu, realizei um sonho, que era ver esse cara aí embaixo…

Foi muita confusão, mas é como a Mari disse: valeu muito pela história pra contar. Agora já posso até dizer “e vocês lá são fãs, sabe o que eu tive que fazer pra ir ver um show do Paul McCartney?”

E quer saber? Faço de novo. Na hora.

inté,

A.N.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vocês lá são fãs… (Parte 1)

“AMOR, ESTOU EM UM MOTEL”. Foi assim que comecei a contar essa história pra Mari, logo que eu finalmente parei em um lugar quando fui pra Phoenix. Quer saber que diabo é isso? Leia a história toda…

Estou devendo contar essa história há tempos, simplesmente porque é uma história que merece ser contada. Ela é, com certeza, pra fazer companhia à história das 13 horas sem ir ao banheiro pra assistir o show do Rolling Stones. Obviamente ficou bem grande o relato, leia por sua própria conta e risco…

[Nota: Como começou a ficar grande demais, separei as duas partes. O final da história, só amanhã! hehehe]

Recebi o e-mail em um dia auspicioso: 23 de fevereiro. Nele, a notícia de que ninguém mais, ninguém menos que Sir James Paul McCartney, reconhecidamente o “baixista canhoto mais famoso da história do Rock” (adorei essa definição da wikipedia…), ia fazer uma rapidíssima turnê nos Estados Unidos. Na maluquice, comprei o ingresso. Naquele momento, tinha a opção de Los Angeles ou Phoenix; obviamente LA estava na minha lista de cidades que eu queria conhecer, mas o show era numa terça-feira, precisamente meu “dia de trabalho oficial”, quando tenho reunião do grupo de pesquisa na UNT. É o dia que não posso faltar de modo algum. Então… Phoenix it is. Comprei logo o ingresso, damos um jeito pra chegar lá depois.

Mas aí veio um problema… como chegar lá. Descobri que a distância entre Denton e Phoenix era de aproximadamente 1600km. Tenho que dizer que eu estava meio quebrado depois da viagem pra Nova Orleans pra ver o show do Eric Clapton… mais 500 dólares de passagem de avião era dose! E eu não tinha coragem de alugar um carro e me mandar, sozinho, dirigindo até o Arizona do Texas (Amor, a gente podia tentar isso quando você tiver aqui, né? ;-) ).

A decisão acabou sendo o bom e velho busão. Saí de casa às 9 e meia da manhã, para estar na parada de ônibus às dez, já que o meu ônibus saía ás onze. Você deve estar perguntando… parada? Não quer dizer rodoviária? Não, é parada mesmo. Um posto de gasolina na Interestadual, onde páram vários caminhões e também os ônibus da Greyhound. Sim, quando eu digo que Denton é uma pequena e bem desenvolvida roça, vocês acham que tô sendo chato…

Pois bem, antes de continuar a história, devo reconhecer que devia ter batido mais fotos. Eu até estava com a máquina, mas ainda sou brasileiro, né? Você tiraria sua máquina digital num ônibus de linha, indo de Fortaleza pra Belém? Pois é…

Saí de Denton às onze (cravado), com destino a Dallas. Mochila no bagageiro do ônibus, uma bolsinha preta a tiracolo com um livro (Alice in Wonderland, meu presente de aniversário!), o PSP, máquina, um sanduíche de frango que estava na geladeira, um inalador de Vicky e um frasquinho de remédio pra enjôo, o mais parecido que consegui achar aqui com Dramim. Se eu enjôo em ônibus? Dificilmente. Então, pra quê o frasquinho? Aguarde e confie…

Chegando em Dallas às 11:59, segundo meu cartão de embarque, eu tinha perto de duas horas pra almoçar. A rodoviária (agora era rodoviária de verdade), é obviamente uma rodoviária dos EUA… que na verdade é exatamente a mesma coisa que no Brasil. Suja, lotada de gente dormindo nos bancos, uma confusão do inferno, com a comida da lanchonete parecendo que foi a sobra do lanche de Colombo quando eles fizeram uma paradinha na América. Saí pra dar uma volta no centro de Dallas e encontrar o que comer. Era na verdade a primeria vez que eu pisava em Dallas, apesar de ser a cidade grande mais próxima aqui de Denton. O problema é que os ônibus pra lá páram de passar cedo, aí complica pra ir até lá… Mas enfim, dei uma volta pelo centro (não muito grande, já que eu estava com o mochilão e, sinceramente, cara de moleque turista atrai malaca em qualquer parte do mundo, né?), achei o que comer (um McDonald’s, confesso), e voltei.

Aí é que a viagem começou de verdade… Deixa só eu dar meu intinerário completo:

Cidade Chegada Saída Data
Denton, Tx   11:00 26/03
Dallas, Tx 11:59 13:55  
Abilene, Tx 17:15 17:45  
Van Horn, Tx 00:10 00:25 27/03
El Paso, Tx 01:25 02:30  
Lorisburg, Nm 05:25 06:10  
Tucson, Az 07:55 08:10  
Phoenix, Az 10:20    

denton-phoenix

Deve-se deixar claro que Phoenix fica a dois fusos de distância. Ou seja, viajei exatamente 24 horas.

Assim que saímos de Dallas, me senta ao meu lado um cara. Todo riscado e tatuado, usando um fone de ouvido daqueles grandões, tocando hip hop nas alturas. O cara conversa com uma dupla sentada na frente. Depois de um pouquinho, o figura pega com eles um pedaço de fumo, e começa a mascar. Pra quem não sabe, fumo produz uma enorme quantidade de saliva que você não deve engolir… o riscado arruma um copinho de danoninho e ficou usando pra cuspir do meu lado. Vinte e quatro horas com esse figura do lado? Ai meu deus…

Mas esse nem foi o maior problema. 15 minutos lendo, e fiquei com uma bela dor de cabeça. Não sei qual foi o problema (já li várias vezes no ônibus), mas vi que não ia rolar… Tentei depois de um tempo o Sudoku, mas mesma coisa. Não vai rolar mesmo ler aqui? Não posso também gastar muita bateria do cel, não posso ficar escutando música. Que raio vou fazer nessa viagem? A Mari que me salvou (pra variar), papeando por e-mail. Sobrava o que? Olhar o povo, rosto colado na janela vendo o interior do Texas, e esperar chegar em algum lugar…

DSC07653

A parada em Abilene (uma cidadezinha no meio do nada, com maior cara de cidade de interior mesmo) serviu pra comer alguma coisa, e pro cuspidor ir pra parte de trás do ônibus. Tranquilo. O ônibus segue viagem, e ninguém senta do meu lado. Fico olhando a paisagem, muito bonita diga-se de passagem. Já estou feliz que vou poder me deitar nas duas poltronas…

Alguém toca meu ombro. Um senhor, sabe-se lá quantos anos, só com uns 4 dentes da boca e cego de um olho, pede para deitar nas cadeiras pra dormir, só por meia hora… lá vai eu trocar de cadeira com o velho… E não é por respeito pelos mais velhos não. Foi medo mesmo… sabe aqueles velhos de história de horror? Era um desses. Eu que não queria ele com raiva de mim!

Aliás, interlúdio. O povo do ônibus era uma graça. Tinha caubói, de chapéu e camisa quadriculada; mulher viajando com a família, inteira, até mãe, tia e avó; um monte de latino, fazendo a língua mais falada no ônibus o espanhol; o velho louco e vagabundo, com cheiro de quem mora na rua há anos, cabelo desgrenhado e barba grande, que a bagagem eram dois sacos de lixo daqueles grandões.

Pois bem, sento do lado de um cara, no lugar do velho. Daqui a pouco, começo a tentar bater papo… o cara é um francês de Paris, que morava no Canadá e estava indo pra Tucson pra assistir lucha libre. O cara adorava filme americano, porque segundo ele filme francês era tudo igual… e ele fazia longos discursos sobre a arte dos filmes americanos, isso tudo falando um inglês terrível, e eu só faltava dizer “meu senhor, fale francês, que é  capaz de eu entender mais que seu inglês!”.

O pôr do sol, devo dizer, foi um espetáculo… pena que eu estava do outro lado do ônibus. Aí eu não tive como não fotografar… mas a foto ficou tão ruim…

DSC07655

Lá pras tantas, depois que a meia hora do velho já tinha passado de duas horas e eu tava de saco cheio do francês, comecei a me incomodar. Percebi que o velho tava de olho aberto. “Senhor, posso dormir…” “mais meia horinha’. Velho sacana.

Como a primeira metade do sanduíche de frango no jantar. Depois que comi o primeiro, presto atenção em uma coisa que eu devia ter visto antes de sair de casa… além de “mantenha refrigerado”, outra coisa me chama a atenção: validade até 25 de março. Eram 26. Agora ferrou de vez.

Eu tenho muita dificuldade de dormir em ônibus, avião, carro ou que seja… mas aí que entra o remédio pra enjôo! Sou absurdamente sensível aos efeitos colaterais de sonolência desse tipo de remédio. Um Dramim e eu capoto direto… esse funcionou parecido. Magavilhas.

Acorda em El Paso, pro ônibus ser limpo. Depois de mais de doze horas de viagem, ainda estou no Texas! Que diabo do estado grande… Jantei por lá (já eram uma da manhã, duas em Denton – El Paso é um fuso diferente). Cup Noodles, um quick de chocolate, e um copinho de frutas. E o medo do sanduíche de frango no mundo.

Consegui dormr quando o ônibus voltou a andar, encostado no vidro. Não sei numa altura dessas do campeonato estava sentado do meu lado. Estou lá, muito bem finalmente dormindo, quando sou acordado por um empurrão no braço… olho, e vejo dois caras com maior jeito de soldados, arma no coldre, uniforme verde. La Migra. Imigration checkpoint. Seu cartão de cidadania, senhor? Mostro o passaporte, já aberto na página do visto. Eles olham, trocam palavras rápido. Olham pra mim e perguntam onde eu estudo (meu visto, J1, é pra estudante). Mostro o moletom que estou usando da UNT. Onde está seu I-20. I-20? I-20? [palavrões]. Faço cara de quem não tem idéia do que é porque está morrendo de sono, e pergunto de novo como se não tivesse ouvido, já trancado (eita pau, é agora que sou deportado!). Sua permissão pra estudar. Ah, está na mochila, lá embaixo! (e era verdade, mas no meu caso, o formulário se chama DS-129). Um olha pro outro, olham pra minha cara, acho que pensaram que iam ter trabalho demais pra ver o diabo do papel. Agradeceram e passaram para alguém atrás de mim.

Ainda ficamos uma meia hora nesse posto. Depois voltam os dois para o cara atrás de mim, e começam a disparar perguntas. Nome? Cidade que nasceu? Nome do pai? E por aí vai… quando pareceram estar satisfeitos, devolveram o documento pro cara e saíram do ônibus. Voltamos a viagem. As luzes do posto nem tinha se afastado e escuto um dos caras falar, em espanhol “ele nem gagueja, esse mentiroso…”. O grupo todo atrás de mim, que falavam espanhol, desataram a rir. “Treinei bastante!” ele responde. Fi duma égua, era imigrante ilegal mesmo!

No dia seguinte, acordei umas seis da manhã com o ônibus parando pra um café da manhã rápido no… McDonalds, que novidade! Peguei rapidinho um negócio parecido com um pão que eles tem e um chocolate (lembrando que, aqui nos EUA, eles não tiveram ainda a brilhante idéia de fazer chocolate com leite, só com água… mas era melhor que tomar café e espantar o sono que eu estava… Antes de sair, me toquei de uma coisa bizarra, já quando o ônibus saía e não deu tempo de bater foto: tinha um dinossauro na frente do McDonald’s. Sim, um dinossauro… uma estátua de algo parecido com um Velociraptor. Por que e onde diabo eu tava, não tenho idéia…

Dormi mais um pouco e acordei na estrada. Já era nítido o Arizona, com o chão avermelhado e muitas rochas pra todos os lados… Falta pouquinho!

DSC07664

Cheguei em Phoenix no horário marcado, dez da manhã, todo doído e cansado. O plano era muito simples: ir pro albergue e dormir! Mas, claro, que as coisas não iam ser tão fáceis assim…

To be Continued…

DSC07667

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por Aí

ESSE FIM DE SEMANA, estive em Park City, Utah, para a Four Corners ABA, um congresso regional, mas que traz muita gente interessante. A Sigrid (como eu a chamo depois que ela amavalmente gritou comigo mandando eu não chamá-la de Prof.ª Glenn) me perguntou se tinha estado nos EUA. Comentei que sim, já tinha vindo aqui aos 15 anos, mas como tinha sido pra Disney, isso não contava muito (afinal, eu mal tinha conseguido falar em inglês). Ela riu e comentou que não contava mesmo… aí disse que, com essa viagem, eu já estava conhecendo agora três estados… Utah, Flórida e claro, Texas.

“Err… não exatamente. Também conheci o Arizona. E a Louisiana”.

Olhos arregalados de lá… e de cá. Engraçado, em menos de 3 meses, já estive em 5 estados (Texas, Florida, Lousiana, Arizona e Utah), e nove cidades (sem contar Atlanta, Chicago e Miami, que só fiquei no aeroporto; nem contando as cidadezinhas que pinguei no ônibus; e contato Scottsdale, Glendale e Phoenix como uma cidade só).

E o plano, claro, é aumentar ainda mais… às vezes eu falo que são pedaços das pessoas que conhecemos que ficam na gente, se prendem e começam a ser uma parte própria e indivisível. Um analista do comportamento poderia apontar que novas pessoas levam a novas contingências, que podem levar a novos reforçadores. Seja como você prefira explicar, o fato é que nunca tinha me imaginado alguém que sai passeando, conhecendo, descobrindo… sempre pensei em mim mesmo como um cientista, não um explorador.

(Nota em letras miúdas: quando eu via o Indiana Jones, nunca pensei que ele era um cientista E um explorador… mas não dê um chapéu pra mim, por favor. Ainda não.)

Apesar disso, sempre bateu um ciuminho quando via alguém com esse instinto desbravador. Esse povo que põe a mochila nas costas e sai descobrindo coisas. Lembro da mochilada da Aline, a Flá também na Europa e, antes disso, conhecendo África do Sul, China e Tailândia. Só faltava uma coisa… coragem.

E quando o empurrão vem…

Nada melhor do encarar a vida como aventura… e viver essa aventura.

Opa, reinterando. Melhor que isso, é ter alguém com quem compartilhar isso. Mas nem sempre se tem tudo, então, vamos levando até poder dividir isso (sim, estou falando de junho!!)

Ah, e antes que alguém reclame: Voltarei a esse tema em breve. Só pra deixar claro que ele não terminou por aqui…

Ah! Claro, fotinhas das andanças! hehehe

Inté,

A. N.

2010-01-13 04 Chilton Hall

Denton, TX

Orlando 020 Orlando, Fl

South Texas 032

Houston, TX

South Texas 012

Galveston, TX

New Orleans 219

New Orleans, LO

DSC07694

Scottsdale/Phoenix, AZ

Bon Jovi 101

Dallas, TX

(Sim, sei que é vergonhoso essa foto estar depois de tantas outras… mas fazer o quê?)

Four Corners ABA 025

Salt Lake City, UT

Four Corners ABA 043

Park City, UT

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Entre a Tecnologia e o Saudosismo

TENHO QUE RECONHECER, fiquei impressionado com o tal do Ipad. No site da Apple tem vários videos mostrando as utilidades do brinquedo, que eu achava ser um iPod grande. Na livraria da faculdade, chegaram alguns deles… e nossa senhora.

Uma coisa que eu falava sobre ele é que ele só seria interessante se tivesse um bom editor de texto, do tipo que você realmente pudesse usar pra fazer anotações em aula e coisa do tipo. Pois não é que o diabo do bicho TEM um editor de texto que parece bem bacana?

Mas claro, o carro chefe desse Ipod que tomou muito cremogema é o ibooks. Imagine você ter toda sua coleção de livros na palma de sua mão. Simplesmente, pegue e comece a ler… simples assim!

Agora, vamos mais adiante… imagine você sendo um estudante de pós-graduação, que se mudou recentemente e tem que contratar uma caminhonete porque sua mudança inteira consiste em duas malas, dois armários e dez caixas de livros! rs. O kindle já trazia essa possibilidade, embora eu sempre o tenha achado meio feio…

O iPad pode ser um novo tipo de laptop, mais leve que qualquer outro, e melhor de usar que os micro-netbooks que tem por aí… Ele ainda tem que me convencer que ele pode realmente suprir as necessidades de um laptop (em especial, navegar e abrir arquivos pdf, já que é o q mais uso no trabalho). Mas, se ele fizer isso e acrescentar ao o fator que é mais confortável ler nele que na tela do pc (o que eu pessoalmente odeio)... pode ser uma opção pra quem cansou de um laptop de 17 polegadas pesado de carregar por aí, e que gosta de viajar muito sem parar de andar com seu comp.

Aí fui comentar com a Mari, e a gente ficou falando sobre como e se os livros vão sobreviver… e pra nós, que adoramos o livro MESMO, pegar, botar do lado da cama e ler, um livro eletrônico nunca vai substituir o original, não interessa o quanto a tecnologia tente imitar…

Isso não quer dizer que (talvez em especial para japoneses), isso não vai ocorrer.

E aí a Mari traz a imagem…

Estou vendo nossos netos olhando pra nossa biblioteca e perguntando

“mamãe o que é isso?"

“São as velharias dos seus avós… é que no tempo deles os livros eram assim..."

“e eles carregavam essas coisas pra cima e pra baixo?"

"é, acho que carregavam sim, mas não lembro bem"

"e não dava mofo? tem cheiro de velho!"

"é, verdade, mas não deixa a sua avó ouvir isso ou ela vai passar um mês falando que essas crianças de hoje não sabem o que é e reconhecer o cheiro de um livro!"

Sou viciado em tecnologia, todo mundo sabe disso. Mas não tem como correr, tem coisa que vai ter seu valor mesmo com todas as tecnologias do mundo…

Tecnologia não pode mudar prazeres simples que aprendemos. Por mais que você possa se divertir com um videogame, não muda o fato de que bom mesmo é estar ao lado de pessoas queridas (e, sim pode ainda ser jogando videogames!). O chat e o skype fazem a gente ficar mais perto, mas não muda que você ainda tá longe. Ver um dvd às vezes sai mais barato que ir ao show (podendo viajar 27 horas pra chegar lá… conto essa história depois), mas não te dá nenhuma história pra contar. E assim por diante.

A tecnologia pode ajudar com um monte de coisas (como evitar carregar os livros e papelada pra cima e pra baixo), mas ainda assim, tem vários pequenos prazeres que ela não subtitui pra quem cresceu vivendo isso como um prazer… e, na historinha aí em cima, nossos netos podem crescer sem conhecer como é bom um livro de verdade.

Claro, posso repensar isso quando for me mudar de Denton, e tiver que empacotar e enviar os livros que comprei aqui.

Mas provavelmente não.

 

Inté,

A. N.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Montanha Russa Espacial

AQUI NO BLOG, eu costumo escrever textos, idéias, pensamentos, e etc... normalmente, não posto aqui textos escritos por outras pessoas. Mas hoje, tenho que abrir uma exceção muito grande.

Dois dias atrás, cheguei esgotado em casa depois de passar o dia procurando vinte centavos (história pra outra hora), e fui tirar aquele bendito cochilo de seis horas da tarde (1. Aqui 6 horas é de tarde; 2. Não posso cochilar depois do almoço na faculdade, né?) antes de voltar ao meu querido artigo. Aí, ainda sonolento, pego o cel do lado pra ver se tem mensagem e tal, e checo e-mail.

No e-mail, aviso que tenho mensagem no Orkut. Da Flávia. Que raio a Flávia tá mandando scrap pra mim??? Quando olho, lá vem... "irmão...noticia internacional..... VAI SER TITIO!!!!!".

...


...


Levantei da cama, fui até o banheiro, lavei a cara, e liguei pra mamãe. Mãe? Oi meu filho. Tudo bem? Tudo sim (de alguma forma, a mamãe disse isso com a voz que sei que ela tá sorrindo). Acabei de receber um scrap aqui da Flá... é verdade?

É!

Uma das melhores coisas da vida é poder você sentir felicidade pelas pessoas que você ama. A Flá e o Cafifa falam há tempos de ter um filho, e agora, lá vem ele... ou ela, né?

Fiquei pulando em casa, todo feliz. Mais do que nunca, nessas horas você quer dividir sua felicidade com alguém. Liguei pra Mari, que também ficou toda feliz (ela também vai ser tia afinal de contas, hehehe).

Será que a Flá deixa a criança me chamar só de Neto? Por que "Tio Aécio" é estranho, e "Tio Neto" vai dar um nó na cabeça dele, né? (Apesar de Lailton Filho e Leonardo, aka Cramunhão e Capeta, adorarem me chamar assim).

Mas lindo mesmo foi o texto que o Carlos Filho escreveu pra dar notícia pra turma. É esse texto que reproduzo aqui, pois me emociona muito a forma como ele descreve a sensação...


Turminha,

Que polemica, hem? Essa até a gora é o meu recorde! Hehehe

Estava ansioso para soltar essa maravilhosa, excitante, contagiante,
estonteante e por ai vai, notícia aqui no polemicas!
A Flávia e eu vamos ter um filho!!!! Isso mesmo. Papai e Mamãe!!! A
Flávia está completamente grávida!

Nunca senti uma felicidade dessas antes! Essa é a definição, o maior
exemplo, daquela expressão que o Brunão colocou na boca da turma.
“Estou INÉDITO!!!”

É como uma grande guinada repentina. Eu vinha seguindo tranquilamente
num trilho egoísta, de repente a Flávia segura na minha mão, e o
trenzinho frenético da uma guinada e a vida realmente mostra a que
veio.

Eu nunca me senti tão vivo em toda a minha vida. Já posso sentir os
primeiros super poderes de super pai aparecendo. Estou muito mais
firme, corajoso, forte, audacioso, etc... Essas coisas que um pai não
tem a opção de não ser. Já não sou o mesmo!

E o pior é que ta só começando!!! Só o que vem pela frente é emoção.

Acho que a comparação, meio doideira, mas a mais próxima que posso
fazer é com a space mountain. Hehehe Só que a Flávia vai no primeiro
carrinho e eu depois dela. Em seguida vem, Dona Virginia, Dona
Adrianna, Belmino, Carlos Alberto, irmão, avós, bisavós, tataravós,
tias, albergueanos, amigos, colegas e a recada... Num grande misto de
alegria eufórica, sustos, ansiedade, etc... Dá um medinho, mas vale
muito a pena. Principalmente, pq eu vou com a Flávia e a turma turma
toda vai acompanhando no carrinho. E se eu ou a Flávia não for,
ninguém vai. Hehehe
Dá um medinho gostoso, desses que da vontade de sorrir, mas a certeza
que ninguém morre disso faz você relaxar e curtir a "brincadeira", pq
não é todo dia que se vive uma coisa dessas. Acho que é mais ou menos
isso! Hehehe

É muito bom dividir isso com quem a gente ama! É impressionante como
uma criaturinha pode disseminar uma energia tão forte como a que
estamos sentindo. Só a sensação de saber que ele está ali, já é capaz
de transmitir um amor arrebatador em todos. Acho que é algo muito
parecido com a que a turma chama de DEUS. Nunca senti essa força tão
na cara!

Vocês precisavam ver a cara das pessoas com a notícia! A dona Adrianna
está simplesmente enlouquecida de alegria e amor de avó. Carlos e
Belmino, ái meu deus, vão ser avos babões ao extremo. Sem falar na
cara da Dona Virginia. Imagina ter a Dona Virginia como sua avó. Neném
cagado, esse nosso!!! É mais cagado até que o Surubim, pq o Surubim
vai ser tio dele/dela.

Queria muito ter gravado as ligações que eu fiz pra vcs!!!! Kkkkkkkk
(Desculpa a turma que não deu pra ligar)
Em resumo a reação foi:
-Hem? Puta que pariu!!! Eu num acredito não!!! (Seguido por alguma
gargalhada ou grunhido eufórico confuso.)

É muito bom sentir essa reação das pessoas que a gente ama. Vc fizeram
eu m sentir muito amado e querido! Dá mais certeza de que posso contar
com vcs!

Obrigado por tudo e se preparem para serem tios e tias, pq não tem
como não precisar de vcs!

Bjo na bunda e até segunda! (bundinha de neném)

Vamos comemorar!

Parabéns, Flá e Cafifa! Não se preocupem, vocês serão pais maravilhosos. E podem contar com MC, Leco e eu para sermos os melhores tios (sem ofensa, Guti e Dudu!)!

Já quero conhecer meu/minha sobrinho(a), hehehe... Lembrem que se for menino, podem dar o nome de Carlos Alberto... Neto! :-)

Inté,

A. N.




domingo, 21 de março de 2010

Uma História que começa...


ONTEM DE NOITE EU ESTAVA DOIDINHO PORQUE QUERIA ESTAR EM BELÉM... Dois dos meus mais queridos amigos estavam casando (não tô contando o Felipe... ainda). E nos últimos anos eles têm sido uma parte tão fundamental na minha vida que é difícil não estar presente...

Conheci o Delage ainda antes de mudar pra Belém. Tinha acabado de ser aprovado na seleção, e estava esperando a hora de ir conversar com o Emmanuel na entrada do laboratório. Fiquei conversando com uma menina "de Juiz de Fora" que tinha feito seleção também (depois, descobri que a menina era de Rezende, no Rio, e ia ser uma das minhas melhores amigas...). Ela tava esperando o "Paulo" (quem conhece ele sabe porque as aspas!), e foi aí que conheci o Delage - com seu jeito manso, gentil e ponderado de ser. Ele disse 'oi' pra mim, 'vou demorar um pouco mais' pra Gis, e voltou lá pra dentro sem dar tchau... é o Delage.

Já a Line conheci na primeira festa na República. Ela olhou pra mim e disse 'Pensei que tu eras mais velho'. "É... prazer também?", foi minha resposta. Como assim eu era mais velho??? Depois ela me disse que tinha ouvido falar de mim pelo João Ilo, que sempre se referia como o "Aécio Borba Neto", e, claro, pessoas a quem as outras se referem pelo nome completo são mais velhas...

Daqueles dias em diante, Aline e Delage foram dois dos maiores responsáveis por eu me sentir bem-vindo em Belém. Se tornaram rapidamente dois dos meus melhores amigos, pessoas com quem eu podia contar e que sempre estiveram presentes quando eu precisei deles, e tive a sorte de poder estar presente quando precisaram de mim. Claro, é bem engraçado os dois modelos bem diferentes de apoio... a Aline, conversas sem fim, as vezes varando madrugadas... o Delage, a gente senta e simplesmente toma uma cachaça. Cada um do seu modelo, seu jeito, e sempre ali. Dividir o apartamento com o Delage e o Felipe no ano passado com certeza foi o meu ano mais feliz em Belém, dividindo a vida com dois grandes irmãos. E, se é pra falar dessas famílias que a gente escolhe, basta lembrar que a mãe da Aline já me considera um filho torto, então, dá pra sentir como faço parte da família desses dois...

Poucos casais acho que são tão parecidos, e tão perfeitos um pro outro... doeu muito ser um vermelho na festa de ontem, alguém que não poderia estar lá. É lógico que eu queria ter estado no casamento, poder nesse dia, que seria o mais importante de suas vidas, dizer o quanto desejo que o casamento dos dois seja feliz, e que eles possam ter uma longa e feliz vida juntos...

A Mari ficou ainda me dando notícia durante o casamento, de como as coisas iam indo... mas eu queria mesmo era estar lá. Fui dormir pensando nisso.

Mas aí acabei me tocando que o dia de ontem não foi só uma festa, mas uma promessa - uma promessa de dividir a vida inteira juntos. E, assim, essa história não é daquelas que um momento só faça a diferença... E que temos uma vida inteira pela frente, e que ao longo dos próximos anos, quero poder dividir parte dessa vida com eles.

Felicidades pra vocês dois! Amo vocês!

Inté,

A.N.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nem um dia



NÃO PUDE DEIXAR DE RIR QUANDO ESSA MÚSICA TOCOU ENQUANTO ARRUMAVA A CASA HOJE. Perfeito, não?


Nem um dia - Djavan

Composição: Djavan

Um dia frio

Um bom lugar prá ler um livro

E o pensamento lá em você

Eu sem você não vivo

Um dia triste

Toda fragilidade incide

E o pensamento lá em você

E tudo me divide (bis)

Longe da felicidade e todas as suas luzes

Te desejo como ao ar

Mais que tudo

És manhã na natureza das flores

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes

Não te esquecerei um dia

Nem um dia

Espero com a força do pensamento

Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo

O verde faz do azul com o amarelo

O elo com todas as cores

Pra enfeitar amores gris(bis)

Um dia frio

Um bom lugar prá ler um livro

E o pensamento lá em você

Eu sem você não vivo

Um dia triste

Toda fragilidade incide

E o pensamento lá em você

E tudo me divide

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes

Não te esquecerei um dia

Nem um dia

Espero com a força do pensamento

Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo

O verde faz do azul com o amarelo

O elo com todas as cores

Pra enfeitar amores gris(bis)



sábado, 23 de janeiro de 2010

Pra você...

Pra Você Guardei o Amor

Nando Reis

Composição: Nando Reis

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar