O Prémio IgNobel é uma sátira do prémio Nobel e é dado a cada outono para a descoberta científica mais estranha do ano. Os prémios são entregues para honrar estudos e experiências que primeiro fazem as pessoas rir, e depois pensar. Foram criados pela revista de humor científico Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável), e os prémio são entregues em Harvard.
A ideia é premiar pesquisas raras, honrar a imaginação, e atrair o interesse público para a ciência, a medicina e a tecnologia.
Foram entregues pela primeira vez em Harvard em 1991, sendo a cerimónia abrilhantada pela presença de verdadeiros laureados com o prémio Nobel, que entregam o respectivo Prémio IgNobel ao vencedor, numa cerimónia que até (desde 1996) inclui uma mini-ópera, a meias entre cantores de ópera profissionais e laureados com prémios Nobel.
Na verdade, os prêmios IgNobil têm tido uma característica que é a grande confraternização entre membros de diferentes ciências. E, ainda que sejam conhecidos como piadas, os trabalhos vencedores do IgNobil frequentemente tem relevância científica verdadeira. É engraçado como, por trás de uma cortina de sátira, os prêmios na verdade tem a característica de destacar trabalhos que fazem as pessoas pensar.
Em 1995, Watanabe e cols. descobriram que era possível ensinar pombos a distinguir entre obras de Picasso e Monet. Ora, isso parece das coisas mais idiotas possíveis... mas o fato é exatamente que é. Costumamos afirmar que a arte é a mais alta expressão da cultura humana, e diferenciar estilos distintos de arte é algo que apenas o mais alto refinamento permite. Refinamento, cultura ou, quem sabe, ração pra pombos aplicada diferencialmente.
A arte, e a capacidade de reconhecer padrões complexos, é aprendido, muitas vezes graças a um reforço diferencial de comportamentos adequados. Nada além disso. E isso é muito bem demonstrado pelo experimento de Watanabe (para conhecer o experimento completo, clique aqui).
(Na realidade, estudamos esse experimento na disciplina de Fundamentos de Análise Experimental do Comportamento na Pós. E nosso amado professor Marcus soltou a pérola: Se até um pombo, que é uma ameba com asas, é capaz de aprender crítica da arte, por que acham que reconhecer os traços de um pintor é grande coisa?)
Este ano, o IgNobil de economia foi dado para cientistas que descobriram que Strippers e dançarinas de danças exóticas ganham mais gorjeta quando estão no período fértil. Ok, pode parecer bobo. Mas... o que faz o homem decidir se dá ou não gorjeta? Seriam feromônios exalados pela mulher em período fértil (o que chamamos de Cio nos animais) que faria o homem ser mais predisposto a dar mais, em buscar de que a stripper também o faça? (troccadilho infâme, mas descritivo)
Enfim, nem todos os prêmios eu sou capaz de identificar a relevância científica. Mas, deve haver.
Em alguns casos, como vocês podem ver na lista abaixo... PRECISA HAVER. Não é possível...
Inté,
A. N.
(Com agradecimentos ao Carlos Filho, que mandou a lista... na Wikipedia, você vê lista completa).
Conheça os vencedores do Ig Nobel 2008: Arqueologia - Os brasileiros Astolfo Gomes de Mello Araújo e José Carlos Marcelino (da Universidade de São Paulo) demonstraram como tatus podem atrapalhar escavações em sítios arqueológicos Biologia – Os franceses Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert e Michel Franc descobriram que pulgas que vivem em cães pulam mais alto do que as que vivem em gatos Ciência cognitiva – Os japoneses Toshiyuki Nakagaki, Hiroyasu Yamada, Ryo Kobayashi, Atsushi Tero, Akio Ishiguro e Ágota Tóth descobriram que microorganismos conseguem resolver quebra-cabeças Economia – Os norte-americanos Geoffrey Miller, Joshua Tyber e Brent Jordan descobriram que strippers ganham mais gorjeta quando estão no período fértil Física – Os norte-americanos Dorian Raymer e Douglas Smith provaram matematicamente que grandes quantidades de cordas ou cabelos inevitavelmente se embaraçam Literatura – O inglês David Sims com o estudo "Filho da mãe: Uma Exploração Narrativa da Experiência da Indignação dentro de Organizações" Medicina – Os norte-americanos Dan Ariely, Rebecca L. Waber, Baba Shiv e Ziv Carmon (Singapura) mostraram que remédios falsos caros têm mai efeito que os remédios falsos baratos Nutrição - Massimiliano Zampini (Itália) e Charles Spence (Reino Unido) eletronicamente modificaram o som de um salgadinho de batata para fazer a pessoa acreditar que o petisco é mais crocante e fresco do que realmente é Paz - O Comitê Federal de Ética em Biotecnologia Não-Humana da Suíça e os cidadãos do país adotaram princípios legais de que plantas têm dignidade Química – Prêmio dividido: Sheree Umpierre, Joseph Hill e Deborah Anderson (Estados Unidos) descobriram que a Coca-Cola tem efeito espermicida. C.Y. Hong, C.C. Shieh, P. Wu e B.N. Chiang (Taiwan) descobriram que a Coca-Cola não tem efeito espermicida
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