quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Melhores Posts - III

APESAR DE ESSE TEXTO TER SIDO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM UM BLOG JÁ HOMENAGEADO AQUI, é de um outro autor cujo blog eu visito praticamente todos os dias. Não precisa eu dizer o nome dele, afinal, basta dar a dica de que ele já foi pirata.

Pra quem lê os dois blogs, desculpem a reedição - ele republicou recentemente o texto no blog atual. Mas isso é bom, já que assim eu homenageio o blog ainda existente.

Inté,

A. N.

Ah, pS: Vale dizer que minha série preferida do jafuipirata é o Coelho Suicida. Muuuuuito bom...


Quarta-feira, Setembro 22, 2004

Quarta-feira (escrito pelo Bruno....)

Eles faziam sexo todas as quartas-feiras. Eram casados há muitos anos e já nem sabiam há quantos só faziam sexo às quartas-feiras. Nos primeiros meses pode ter sido só coincidência, mas hoje era um hábito. Não havia surpresa, não havia emoção, era como comprar o pão domingo de manhã.
Sempre que ele saía de casa ela ainda estava dormindo. Ele esquentava o café da manhã que ela tinha deixado pronto desde a noite.
Na primeira quarta-feira de outubro, ele chegou no escritório e foi surpreendido com a notícia: o seu melhor amigo tinha sido encontrado morto pela manhã. Ele e a esposa. Pelo que disseram, a esposa tinha matado o amigo. Assassinato seguido de suicídio.
Aquilo abalou muito sua cabeça. O diretor do departamento dispensou todos os funcionários aquele dia. Ele desceu, mas não pegou o carro. Sentou num banco na praça em frente ao edifício de escritórios e acendeu um cigarro. Ele nunca fumava de manhã. Seu primeiro cigarro do dia sempre era aquele depois do almoço, e isso nem passou pela cabeça dele quando deu a primeira tragada, às 8:20 da manhã.
Ficou ali, fumando e pensando no seu amigo. Pensando no que teria levado aquela mulher a fazer isso. Pensando se teria sido alguma coisa que o próprio amigo dele fez, pensando se ele mesmo não estava fazendo algo que desse motivo para a sua esposa fazer isso, pensando se ele estava fazendo a esposa feliz.
Entrou no carro e, talvez por achar que não, decidiu comprar flores para a mulher. Mas ele não sabia qual era a sua flor preferida... um dia ele já soube.. um dia ele já deu a ela essas flores, mas quais? Comprou rosas. O vendedor disse que toda mulher gosta de rosas.
Foi pra casa e disse a ela que iriam sair para almoçar. Mas e as crianças? Hoje eles vão ficar com a avó deles.
Levou a esposa para um restaurante. Foi o mesmo restaurante que foram quando se casaram. Ela lembrou. Depois do almoço ele a levou ao zoológico.. ela adorava o zoológico.. isso foi ele quem lembrou.
Foram jantar fora também. E depois foram ao teatro. Há anos não iam ao teatro. Durante todo o dia ela parecia não entender o motivo de tudo aquilo, mas resolveu não se preocupar... estava gostando.
Chegaram em casa. Os filhos estavam na casa da mãe dela. Ele deu as rosas para ela, junto com um colar. Mas por que tudo isso hoje? A gente precisa cuidar mais da gente, meu amor...
Se beijaram... como se tivessem 20 anos de idade e acabassem de descobrir que estão perdidamente apaixonados. Fizeram amor aquela noite como se fosse a primeira vez.. e não dormiram depois. Ficaram abraçados, na cama.
Antes de dormir ele olhou o relógio na parede. 1:47 da manhã. Era quinta-feira.
escrito por Mc (ou melhor, o Bruno) às 21:36

Um comentário:

Anônimo disse...

U-a-w! Isso que eu chamo de contingência.

O resto... bem, o resto a gente resolve na clinica depois. rs

beijos