segunda-feira, 23 de julho de 2007

Conversa de Futuro

ÀS VEZES O CAMINHO COMEÇA CERTO, mas escorrega em algum lugar.

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- Sig, cada vez mais você fala desse pequeno homúnculo inconsciente vivendo uma vida à parte de seu hospedeiro. Por favor, Sig, siga meu conselho: fale dessa teoria apenas para mim. Não, não, sequer a chamarei de teoria, posi carece de provas empíricas; vamos denominá-la um vôo da imaginação. Não fale desse vôo da imaginação com Brücke, pois aliviará sua culpa por não ter a coragem de promover um judeu.
- Ficará entre nós até que tenha provas suficientes. Então, publicarei, sem dúvida, minha descoberta.
- Sig, você fala de provas empíricas como se isso pudesse ser objeto de investigação científica. Mas esse homúnculo carece de realidade concreta. Trata-se simplesmente de um construto, como um ideal platônico. Em que poderiam consistir as provas empíricas? Pode me dar ao menos um exemplo? E não fale dos sonhos, pois não os aceitarei como provas; eles também são construtos sem substância.
- Você próprio forneceu as provas empíricas, Josef. Você me diz que a vida emocional de Bertha Pappenheim é condicionada por eventos ocorridos exatamente doze meses antes, eventos passados dos quais ela não tem consciência. No entanto, eles são descritos com precisão no diário da mãe de um ano atrás. Ao meu ver, isso equivale a uma prova de laboratório.
- Mas isso pressupõe que Bertha seja uma testemunha confiável, que ela não se lembre desses eventos passados.
Mas, mas, mas... novamente - pensou - Breuer - aquele "mas demoníaco". Sentiu como se socasse a si mesmo. Toda sua vida, tomara posições "mas" vacilantes e, agora, repertira-o com Freud, bem como com Nietzsche - quando, no fundo, suspeitava que ambos estivessem certos.


(Irvin D. Yalom, Quando Nietzsche Chorou, pp. 118-119)
(Pequenos trechos foram suprimidos, mantendo-se apenas o diálogo)

3 comentários:

Anônimo disse...

Aécio,
Meu novo blog é grandeborboleta.blogspot.com,
Entra lá amigo, assim podemos manter um pouco de contato.
Estou adorando o seu blog, não comento sempre, mas acompanho!
=*

Anônimo disse...

Olá Aécio!!!!
Muito bom esse "papo" do Josef com o Sig rs...

Eu li esse livro há alguns anos e é uma leitura bem gosotosa...

beijos

_Maga disse...

Verdade Aécio!!! E sabe, eu estou com um corretor de texto, ele denunciou que a palavra estava escrita de maneira incorreta e, ao tentar corrigi-la, cometi este histórico ato falho! hahahahahaha

beijos