terça-feira, 2 de outubro de 2007

Caminanhando em cidades diferentes

DOMINGO, acordei e quis dar uma volta pela cidade. Fui até a farmácia, comprar algo que precisaria na viagem da noite, e um pouco mais de água para sobreviver em uma terra quase desértica. O sol do planalto central pregava uma daquelas peças estranhas, queimando seu rosto enquanto o ar em volta arrepia de frio.

Ninguém na rua, exceto uma ou outra alma solitária que tinha o que fazer às oito e pouco de um domingo. Para atravessar a rua, um carro solitário vem de longe, preguiçoso, e eu paro na faixa esperando ele passar. Ele diminui e pára também, dando passagem a mim. Algo está fora da ordem, mas aproveito e passo com um sorriso...

Acho fácil a banca de revistas, e ela se chama "Fortaleza". Pergunto, "O nome da banca é
esse pela virtude ou pela cidade?" "Pelos dois" "Você é de lá?" "Sim". O cara estava lá haviam 18 anos, mas todo ano visitava nossa terrinha. Conversamos um pouco, eu pego a água e volto caminhando...

Ao virar uma quadra procurando uma banca, vejo mais algumas pessoas. Um grupo de crianças corre em um playground, sob o olhar atento de uma provável babá ninando no colo um bebê que não deve ter visto ainda muita coisa por aí. E assim foi um passeio rápido na cidade de Brasília.

Já que a madrugada me viu a vinte mil pés de altura (eu é que não a vi, exceto talvez em algum sonho não lembrado), acordo em Belém do Pará. E, de manhã, procurando comprar o café, saio para a padaria pegar pão e leite.

Já saio do lado de uma escola, e dezenas de crianças gritam e brincam enquanto algum professor grita pra eles entrarem. Um carro do gás passa barulhento, misturando o nome da empresa com a música do plantão da globo para chamar mais atenção. Ando até a rua, onde dezenas de pessoas circulam, e os carros passam rasgando e cortando uns aos outros. Na padaria, as pessoas falam muito, mas consigo os quatro "carecas" e uma caixa de leite. Volto pra casa apressado, já que o dia já começou e tenho que pegar no batente. Mais tarde, atravessando a rua, o sinal verde acende comigo ainda na faixa. Duas buzinas tocam e um terceiro carro avança, apressado. Alguma coisa parece que voltou ao normal...

Não sei se dei de cara com diferenças entre Belém e Brasília, mas acho que não. Acho que dei de cara com as diferenças de um domingo de preguiça e o bom e velho "Odeio Segundas Feiras". Talvez com as diferenças entre seu lugar e o dos outros.

O fato é que, entrando em casa (agora apressado porque o pão quente estava esfriando), sorri ao lembrar que mesmo com aquelas diferenças, pude ver a diferença entre ordem e espontaneidade. E quem há de dizer ao contrário?

Quem sabe onde mais estarei passeando de manhã nos próximos tempos. Mas, se vier, conto pra quem quiser ouvir... ou ler.

Inté

A.N.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que coincidência! Ano passado também escrevi algo sobre domingo pela manhã em Brasilia!

Pode-se ler aqui: http://metamorfosepensante.blogger.com.br/2006_09_01_archive.html

Que mais...
Ah, sim: em Brasília os carros sempre param na faixa de pedrestre. Não só em Brasília mas em outras cidades brasileiras também. Das que eu morei, apenas Xanxerê (SC) cultivava este bom costume.

Beijos e um ótimo fds para ti

ps.: como foi em BSB???? E a mesa??? Estou ardendo em curiosidade! rs