Coringa

QUANDO MENOS SE ESPERA, ele pode mudar tudo. A idéia da palavra é a de algo que não se sabe ainda para que serve, e muda de hora em hora; no baralho, entra no lugar daquela carta impossível para te dar mais cem pontos; no futebol, volta para uma posição diferente e muda toda a tática do jogo. Nos quadrinhos, faz o impossível, dá medo, mostra-se imprevisível.

Lidar com coringas é complicado. Sua natureza é a imprevisibilidade... e lidar com a imprevisibilidade é algo que só pode ser feita na hora, de uma vez. Não há plano, não há pré-definição, não há rota de fuga - se há qualquer coisa dessas - se você pensava já no aparecimento do coringa -, então ele perdeu sua utilidade. Ele não é mais um coringa real - é apenas... mais um.

O coringa sempre o desarma. Força uma parada, exige uma reflexão. Todos os planos foram por água a baixo, e nada mais há a fazer exceto reconstruir e recomeçar.

A maioria das pessoas congela diante do coringa... não sabendo para onde ir, não vai a qualquer lugar. Segue na mesma rota, conscientemente cega de que aquilo não é mais o caminho que pensava seguir.

Prefiro sorrir e pensar em uma nova estratégia. Mudo de idéia, troco as cartas, troco os planos. Remonto o castelo de cartas mais para a direita, deixando o coringa em seu lugar entre a pilha já caída. Mas o jogo não pára.

Planos são feitos para serem seguidos, mas sempre podem dar errado. Planejo - por vezes, mais longe que posso ver - mas sei que nem sempre o plano chegará idênico ao final. Isso não impede de sonhar. E não impede de seguir adiante - com novos planos, que surgem quando os coringas aparecem.

Em uma rápida idéia, toda a idéia de coringa apareceu do nada, quando comecei a escrever... tudo porque ia comentar que hoje é dia de dormir com um lençol extra, já que é uma das raras noites de frio em Belém.

Mas quem poderia imaginar isso?

Até mais.

A. N.